No século XVII era habitual perguntar-se às mães não casadas quem era o pai da criança.

É verdade que isso parecia resolver uma chaga social e a nós, genealogistas, dá-nos uma possibilidade de vencer a “muralha” dos filhos de  pai incógnito.

Mas… que devia prestar-se a abusos e questões embaraçosas, lá isso devia. Um exemplo ? Este baptizado :

“Aos coatro dias do mês de Julho do ano de 1601 bautizei Isabel, filha de Maria Jorge, veuva, cegana. E deu-lhe por pae a Seebastião Affonso, de Gaia, veuvo. Padrinhos Manoel da Rocha e Margarida moça solteira. Veio de Riba Douro e ficou em Gaia.

E este assima declarado veio ter comigo o dito Sebastião dezendo que a dita criança não era sua filha nem lhe pertencia e se a dita Maria Jorge, veuva, qizesse dele alguma cousa o procurasse e que era homem temente a Deos e de conciência, ela se fôra sua o não negaria. E me requereu fizesse esta declaração por a dita Maria Jorge sêr tão afouta que diz ser sua filha. Era ut supra, o Vigário Licº Miguel Rodrigues”

Santa Marinha, V. N. de Gaia, livro Misto nº 1, folha 53v